Se estás lendo já até aqui, chamar-te-ei doravante de amigo, pois os amigos são confidentes e é isso que faço convosco agora. De tua parte tenho o melhor ouvinte (leitor) que se pode ter. Escutas minha voz a partir da tua própria, e tuas impressões e aconselhamentos chegarão até mim de alguma forma. Talvez neste momento em que escrevo possa eu a partir do gozo sentimento do desabafo que faço, e farei nas páginas que se seguem, perceber teus conselhos e palavras afáveis. Sempre me senti comunicando com o autor e narrador a cada livro que li, confesso que não foram muitos. Tecia comentários interiores e mesmo com um amigo que depois de uma leitura encontrava.Não sei se com aquele interlocutor eu buscava a figura do escritor ou do narrador, mas elogiava-o, criticava-o e discutia o desenrolar de suas personagens. Acredito até que não em raras vezes confundindo, sem perceber quem era um ou outro.De minha parte iniciei-me como leitor lendo os clássicos infantis e ganhei gosto plenamente como sócio da biblioteca municipal de minha cidade. A partir daí tive a oportunidade de diversificar minha leitura.Passei então a ler clássicos infanto-juvenis como: “Robson Crusoé” “Mobidick” e “Os três Mosqueteiros”.
Se tua primeira leitura for este livro, desejo-te boa sorte e oro fielmente para que tenhas uma experiência agradável e que assim como os clássicos para mim, sirva de incentivo para que entres no mundo mágico da leitura definitivamente.Mundo tão pouco habitado por brasileiros, esses que ainda não acordaram para essa viagem fantástica.
Aviso-te que não sei se teremos um fim para a minha narrativa, se é isso que procuras um fim, não o tenho. Se esperas que apresente a ti um lugar para chegar, não posso garantir e ainda duvido que qualquer pessoa saiba realmente aonde quer chegar. Visto que tão pouco conhecemos sobre nós mesmos e de nossa existência na terra.Um poeta uma vez disse que “devemos amar as pessoas como se não houvesse amanhã”, talvez seja isso que eu pretenda fazer, escrever cada palavra como se não existisse a próxima.O mesmo poeta na mesma obra diz ainda que se pararmos para pensar na verdade perceberemos que não há ( o amanhã). Profunda verdade, não sabemos o que nos acontecerá no momento seguinte. Dessa forma não sei se terei como escrever ou terei a próxima palavra. Se será agradável não sei, não sou escritor, só preciso escrever sobre minhas inquietações e se conseguir preencher algumas páginas em branco já dar-me-ei por satisfeito. O que vos garanto é que não poderei fugir da ficção apesar de pretender escrever sobre minha vida. Na verdade se atentarmos para os discursos ao nosso redor nunca sabemos ao certo se são reais, é tênue o limite entre realidade e ficção.E esses conceitos me fazem lembrar de outros dois que são primos destes, são os conceitos de certo e errado. Estes lateralmente postos aos de realidade e ficção têm sido confundidos, mesmo invertidos, e provocando ou sendo um dos provocadores da crise de identidade porque passamos nós como seres parte dessa sociedade pós-moderna. E essa crise é perfeitamente retratada pelo estado da dúvida (esse estado do qual falou Vilém Flusser), não falo da dúvida aliada da curiosidade, essa é sinônimo de pesquisa e conhecimento. A outra dúvida, essa que parece atacar o homem moderno diante do turbilhão de informações que desfilam ao seu redor.Ela não é impulsionadora, ao contrário leva o ser a estagnação e por sua vez à própria crise de identidade já mencionada.Assim o homem da “geração da informação” carente de conhecimento fica a mercê do ponto de vista pouco privilegiado que detém. Cada um enxerga ou ler conforme o ângulo que a visão lhe permite. Isso individualiza o homem, ofende sua natureza sociável e a aceleração da mundialização que vivemos em nossos dias.
domingo, 1 de novembro de 2009
A sandália da barata
Além das,infelizmente já tradicionais, vítimas da violência no Rio de Janeiro, outros nem sempre lembrados engrossam qualquer estatística que se faça. São aqueles que têm como profissão a defesa do cidadão nas ruas cariocas.Só que esses são vistos apenas como culpados pelo avanço da criminalidade.
Culpar a polícia por já termos perdido a luta contra o crime, além de injusto mostra uma leitura apenas superficial do problema. O erro está em ter justamente os policiais como única frente de batalha. Eles não podem e não devem ser os únicos combatentes. Não estão preparados para a demanda que encontram . Não que sejam incapazes, estão na verdade fazendo algo acima de seu poder de alcance, e dessa forma ninguém é capaz o suficiente.
A questão é que não se enfrenta a criminalidade com a força apenas. É como tentar exterminar baratas usando uma sandália, mata-se uma e nascem outras tantas. " Produzimos" bandidos em larga escala, seja por pais ricos e ocupados demais ou pobres e lutando para sobreviver, ou ainda sendo abandonados pelo Estado, que crianças com essa "sorte" são crimonosos em embrião.
Aqueles que arriscam suas vidas todos os dias para tentar manter a segurança de cada um de nós, são as "sandálias"> Aprisionam um delinquente, mas surgem outros no dia seguinte. Do mesmo jeito então que a sandália não pode ser culpada pela manutenção da praga de baratas, a ação da polícia não pode ser apontada como fator de propagação de atos delinquentes.
É preciso que se aplique o "inseticida" certo; as políticas públicas adequadas para o combate a esse mal social que desola a sociedade. É preciso ainda que o cidadão comum também se dê conta de sua tarefa na luta já perdida, mas que pode ser retomada e ganha, para que essa guerra cesse. Guerra essa sem vilões, apenas vítimas.
José Aérton
Culpar a polícia por já termos perdido a luta contra o crime, além de injusto mostra uma leitura apenas superficial do problema. O erro está em ter justamente os policiais como única frente de batalha. Eles não podem e não devem ser os únicos combatentes. Não estão preparados para a demanda que encontram . Não que sejam incapazes, estão na verdade fazendo algo acima de seu poder de alcance, e dessa forma ninguém é capaz o suficiente.
A questão é que não se enfrenta a criminalidade com a força apenas. É como tentar exterminar baratas usando uma sandália, mata-se uma e nascem outras tantas. " Produzimos" bandidos em larga escala, seja por pais ricos e ocupados demais ou pobres e lutando para sobreviver, ou ainda sendo abandonados pelo Estado, que crianças com essa "sorte" são crimonosos em embrião.
Aqueles que arriscam suas vidas todos os dias para tentar manter a segurança de cada um de nós, são as "sandálias"> Aprisionam um delinquente, mas surgem outros no dia seguinte. Do mesmo jeito então que a sandália não pode ser culpada pela manutenção da praga de baratas, a ação da polícia não pode ser apontada como fator de propagação de atos delinquentes.
É preciso que se aplique o "inseticida" certo; as políticas públicas adequadas para o combate a esse mal social que desola a sociedade. É preciso ainda que o cidadão comum também se dê conta de sua tarefa na luta já perdida, mas que pode ser retomada e ganha, para que essa guerra cesse. Guerra essa sem vilões, apenas vítimas.
José Aérton
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