quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Diálogo íntimo

Tristeza. Essa é a palavra ora amiga.
Sim. Amiga. Tão presente,companheira
em todas as horas. Inseparável.
Quase parte de mim Não consigo te despedir,
amiga.Despi-la posso. Ficas despida
de compaixão,de zelo, de amor.

A mim ela deixa desnudo de alegria,
energia e de sossego.
Quão íntimos estamos, quão estreita relação.

De mãos dadas caminhamos sem caminho.
Sonhamos sonhos já sonhados, esquecidos.
Cavamos morada e cortamos na própria pele.

Companheira, continuemos esta história abissal que iniciamos.
Ao menos assim algo construiremos diante da devastação
que carregas e que em mim achou fértil solo.

Continuemos dupla, casal, companheiros.
Há quem esteja só e eu tenho a ti.
Tinha outra companheira, D. felicdade, era inconstante
vinha quando lhe aprazia.
Muitas indas e vindas que talvez eu tenha me
cansado ou ela se cansou.

Hoje tenho a ti, fiel adjuntora, que assim seja então.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Anjo





Não sei como tenho saudade
Se aqui não te vi ficar.
Como anseio que voltes mais bela
Se nunca tive teu doce olhar?


Sim, pois meus eles não são.
Posso até vê-los de perto
Mas é a outro que ele pertence,
para quem olha com paixão.



Confesso-te, menina, uma travessura.
Quando te olho e isso é sem fim
tenho um sonho, ou é realidade
Que teus olhos também olham pra mim?



Deve ser delírio ou força do desejo.
Como anjo de tamanha luz
Se permitiria enxergar nas trevas
um mortal que em nada seduz?


Mas ainda assim ele espera
num momento singular
ouvir o anjo doce admitir
que também era para ele aquele olhar.



Será o néctar mais doce
e momento de explosão
em que anjo e homem formando um
se entregarão em emoção.

Aerton

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Somos todos Brasileiros

Somos todos Brasileiros
As recentes mensagens veiculadas na internet em ofensa aos nordestinos causaram revolta em todo o país e ações de ONGs e do ministério público. Foram pelo menos 1037 perfis que postaram frases ofensivas de alguma forma. Algumas delas incitavam até a violência. A mim como nordestino e morador do Rio de Janeiro há treze anos, os eventos na web não causaram surpresa. São o reflexo do que ocorre todos os dias nas ruas do sul e sudeste brasileiros. E quanto a isso há alguns aspectos que precisam ser citados.
Primeiro que nesta parte aqui do país, sudeste, os que tiveram a ventura de nascer um pouco mais acima no mapa recebem a alcunha de “Paraíba”, no Rio de Janeiro, ou “Baiano”, em São Paulo. Em segundo lugar, quando temos qualquer personagem nordestino nas novelas ela é sempre de pouca instrução e exótica. É a engraçadinha, a empregada que “é quase da família”. Em terceiro plano estão as piadas e brincadeiras feitas e contadas todos os dias. Essas bravatas trazem consigo uma carga de preconceito que tornam as manifestações recentes dos internautas apenas cócegas.
Como agravante temos o fato de todos nós, nordestinos ou não, acharmos tudo muito normal, engraçado. É necessário que manifestações criminosas como as ocorridas venham à tona para tirar do anonimato o preconceito desmedido que os conterrâneos de Ferreira Gullar, João Cabral de Melo Neto e outros como Ariano Suassuna, sofrem todos os dias. Esses quando estão em seus estados de origem, não sentem e presenciam a discriminação silenciosa algumas vezes, outras não, que eu e outros milhares de habitantes do sudeste e sul do país vivenciamos.
Não se trata de um desabafo, e se fosse seria legítimo, mas de uma tentativa de mostrar o quanto temos que melhorar em nossa relação como nascidos no mesmo país. O quanto temos que melhorar como povo. Convoco cada brasileiro para assim se sentir, não sulista, nordestino ou nortista. Para estarmos, sermos desprovidos de qualquer ideia que nos faça sentir ainda que seja por fração de segundos melhores do que outra pessoa ou grupo.

TRAGÉDIAS NO NORDESTE: UM DESAFIO À BRAVURA

TRAGÉDIAS NO NORDESTE: UM DESAFIO À BRAVURA


As tragédias em alguns estados do nordeste infelizmente são apenas mais algumas das muitas que se abatem sobre o sofrido povo nordestino. O histórico de miséria, sofrimento e abandono é uma realidade que se apresenta invencível. João Cabral já disse que “lá se nasce de luto”. Os últimos acontecimentos vêm corroborar com a fala da personagem de Morte e vida Severina.
Muito se fala da força daquele povo, essa de nada lhes vale se o inimigo é sempre muito mais forte que eles, se estão sempre um passo atrás do algoz, esse que se transfigura de seca, enchentes e políticas públicas poucas ou ineficientes para lhes afrontar.
Vistos como exóticos, na melhor das comparações, o povo que nasce ali recebe um estereótipo que não condiz com a leva de intelectuais que lá brotam como as águas mornas de suas praias. Nordestinos são preconceituosamente, sempre associados as ignorantes sem instrução.
Infelizmente a intelectualidade latente não tem impedido as mazelas sociais que são ali vistas. O orgulho nordestino também não. As pessoas dessa região precisam de ajuda agora mais do que nunca. Essa tem que ser imediata: não é hora da vara, mas do pão. Depois, e só então, necessitarão de todas as varas possíveis, para que possam pescar seus próprios peixes e construir suas próprias vidas com toda a força que têm e que foi observada por Euclides da Cunha, “O sertanejo é antes de tudo um forte.”

Menino Juan

A morte, agora confirmada, do menino Juan mostra mais uma vez, e sabe-se não será infelizmente a última, o conflito constante que moradores de áreas carentes enfrentam com o Estado. Seja esse representado por seu braço armado, pelo setor educacional, de lazer ou saúde, as relações são sempre conflitantes. A falta ou pouca assistência aos que mais precisam é um abuso não punido e repetido desde que tivemos por aqui as primeiras noções de organização política. Funciona como se os serviços governamentais não pudessem existir com qualidade e eficiência para os mais pobres. Há a cultura preconceituosa e vil de achar que pobre precisa de pouco e pouco lhe deve ser dado. Invoco os Titãs e pergunto “Você tem sede de quê?”, “Agente não quer só comida”. Agente, vossa excelência precisa de proteção, de Juans vivos e cheios de perspectiva. Agente tem sede de que as autoridades policiais investiguem o desaparecimento e morte dos filhos dos favelados com a mesma competência que os filhos dos famosos e ou empresários da zona sul e Barra da Tijuca. Sim, se Juan tivesse “pedigree” teria seu sumiço investigado ao tempo devido, mas, infelizmente, ele para os órgãos policiais é “vira-lata”, cão sem dono. Afinal ninguém atira em um bigle quando se depara com ele na rua, ao contrário, tem-se o impulso de tomá-lo nos braços e acariciá-lo. Já um vira-lata agente repudia, chuta e como no caso, atira e mata, afinal ele não tem pais, história, protetor.
Indigno-me por saber que Juan era uma criança e não um cachorro, aliás, a esse devemos respeito e cuidados, filho de pais responsáveis e cuidadosos que com sacrifício e dignidade o preparavam para o futuro. Apenas uma criança que não teve a sorte de nascer mais perto do mar, nos bairros em que a prefeitura investe muito, um bairro no qual os moradores mereçam a atenção do poder público, atenção essa negada aos vizinhos do garoto vitimado. Disse estar indignado, mas ao mesmo tempo sinto vergonha de o máximo que estou fazendo é enviar esse texto para este espaço. Envergonho-me de minha e de toda inércia social para casos como esse. Envergonho-me da polícia carioca, matadora e opressora, reflexo da visão dos políticos que a gere. Os policiais dão aos mais pobres o mesmo tratamento que o Estado tem dispensado aos seus cidadãos, razão maior dele existir. “Infelizmente amanhã os jornais noticiarão outras mortes parecidas, outros se indignarão e o ciclo continuará.” Agente quer por inteiro e não pela metade’.

sábado, 9 de abril de 2011

Menina

Te ofendem os pássaros quando a ti se comparam
E as flores quando dizem ter teu perfume
O céu ao alegar ter teu brilho
As muitas águas por admitirem ser mais forte que ti
A música por portar a suavidade de tua voz
A seda quando admite ter a suavidade de tua pele

É louco aquele que diz respirar sem tua presença
Que alega enxergar claramente em tua ausência
Não reconhecer a dependência de tua força feminina
Leoa, felina, mulher, amante.
Não reconhecer o paradoxo que é tua delicadeza, humildade, simplicidade
Não reconhecer as verdades de tuas palavras e a certeza do que pensas
Do que és , podes e deves ser para mim ou para aqueles que simplesmente possam ver, ouvir e sentir.
Eu...

Somos todos brasileiros

As recentes mensagens veiculadas na internet em ofensa aos nordestinos causaram revolta em todo o país e ações de ONGs e do ministério público. Foram pelo menos 1037 perfis que postaram frases ofensivas de alguma forma. Algumas delas incitavam até a violência. A mim como nordestino e morador do Rio de Janeiro há treze anos, os eventos na web não causaram surpresa. São o reflexo do que ocorre todos os dias nas ruas do sul e sudeste brasileiros. E quanto a isso há alguns aspectos que precisam ser citados.
Primeiro que nesta parte aqui do país, sudeste, os que tiveram a ventura de nascer um pouco mais acima no mapa recebem a alcunha de “Paraíba”, no Rio de Janeiro, ou “Baiano”, em São Paulo . Em segundo lugar, quando temos qualquer personagem nordestino nas novelas ela é sempre de pouca instrução e exótica. É a engraçadinha, a empregada que “é quase da família”. Em terceiro plano estão as piadas e brincadeiras feitas e contadas todos os dias. Essas bravatas trazem consigo uma carga de preconceito que tornam as manifestações recentes dos internautas apenas cócegas.
Como agravante temos o fato de todos nós, nordestinos ou não, acharmos tudo muito normal, engraçado. É necessário que manifestações criminosas como as ocorridas venham à tona para tirar do anonimato o preconceito desmedido que os conterrâneos de Ferreira Gullar,João Cabral de Melo Neto e outros como Ariano Suassuna, sofrem todos os dias. Esses quando estão em seus estados de origem, não sentem e presencia a discriminação silenciosa algumas vezes , outras não que eu e outros milhares de habitantes do sudeste e sul do país vivenciamos.
Não se trata de um desabafo, e se fosse seria legítimo, mas de uma tentativa de mostrar o quanto temos que melhorar em nossa relação como nascidos no mesmo país. O quanto temos que melhorar como povo. Convoco cada brasileiro para assim se sentir, não sulista, nordestino ou nortista. Para estarmos, sermos desprovidos de qualquer ideia que nos faça sentir ainda que seja por fração de segundos melhores do que outra pessoa ou grupo.

tragédias no Nordeste: um desafio à bravura

TRAGÉDIAS NO NORDESTE: UM DESAFIO À BRAVURA


As tragédias em alguns estados do nordeste infelizmente são apenas mais algumas das muitas que se abatem sobre o sofrido povo nordestino. O histórico de miséria, sofrimento e abandono é uma realidade que se apresenta invencível. João Cabral já disse que “lá se nasce de luto” . Os últimos acontecimentos vêm corroborar com a fala da personagem de Morte e vida Severina.
Muito se fala da força daquele povo, essa de nada lhes vale se o inimigo é sempre muito mais forte que eles, se estão sempre um passo atrás do algoz, esse que se transfigura de seca, enchentes e políticas públicas poucas ou ineficientes para lhes afrontar.
Vistos como exóticos, na melhor das comparações, o povo que nace ali recebe um estereótipo que não condiz com a leva de intelectuais que lá brotam como as águas mornas de suas praias. Nordestinos são preconceituosamente,sempre asociados a ignorantes sem instrução.
Infelizmente a intelectualidade latente não tem impedido as mazelas sociais que são ali vistas. O orgulho nordestino também não.As pessoas dessa região precisam de ajuda agora mai do que nunca. Essa tem que ser imediata: não é hora da vara, mas do pão. Depois, e só então,necessitarão de todas as varas possíveis, para que possam pescar seus próprios peixe e construir suas próprias vidas, com toda a força que têm e que foi observada por Euclides da cunha, “ O sertanejo é antes de tudo um forte.”